CONTAGEM - Menos de 30 minutos após chegarem ao Juizado da Infância e Juventude de Contagem (MG), o goleiro Bruno e mais dois suspeitos pelo desaparecimento da estudante Eliza Samudio deixaram o local sem prestar depoimentos. Segundo o advogado Ércio Quaresma, que defende o atleta e o amigo dele, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, o silêncio do grupo motivou a abreviação da audiência prevista para apurar a participação do menor J., primo do jogador, no crime.
"Não tem o que falar, não tem o que fazer aqui", disse Quaresma. Por volta das 14h, tanto Bruno quanto Macarrão e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, haviam deixado o local para retornar ao presídio de Contagem. Apenas Sérgio Rosa Sales, também primo de Bruno, prestou depoimento ao juiz Elias Charbil Abdou Obeid, segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Minas Gerias (TJ-MG). Por volta das 15h, Sérgio deixou o local.
Bruno foi o primeiro a deixar o prédio, às 13h50. Sorrindo, o jogador foi hostilizado pela multidão de curiosos. Questionado sobre os motivos do sorriso do goleiro, Quaresma afirmou que se trata da confiança na absolvição. "Ele tem certeza de que a Justiça vai prevalecer", afirmou.
O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa. Contudo, após conseguir um alvará, foi colocada em liberdade. O bebê foi entregue ao avô materno.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em depoimento, admitiu participação no crime. Segundo o delegado-geral do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Minas Gerais, Edson Moreira, o menor apreendido relatou que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, estrangulou Eliza até a morte e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Os três negam participação no desaparecimento. A versão do goleiro e da mulher é de que Eliza abandonou o filho. No dia 8, a avó materna obteve a guarda judicial da criança.