Em um discurso em que oficializou sua candidatura à presidência pelo PSDB, o ex-governador de São Paulo José Serra disse não ter "esquemas ou patotas corporativas" e que aposta em sua biografia para chegar ao Palácio do Planalto.
"Vamos falar claro. Não tenho esquemas. Não tenho patotas corporativas. Não tenho esquadrões de militantes pagos com dinheiro público. Tenho a minha biografia, as minhas ideias e o apoio de vocês que me conhecem", disse Serra, durante o evento do partido, em Salvador.
O candidato usou quase metade dos seus 40 minutos de discurso para fazer uma série de ataques velados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O tempo dos chefes de governo que acreditavam personificar o Estado ficou para trás, há mais de 300 anos, com Luís 14. Ele achava que o Estado era ele, mas nas democracias, no Brasil, não há mais lugares para 'Luíses' assim", disse.
Serra disse ainda acreditar nos direitos humanos e que "não fica bem" elogiar continuamente "ditadores de todos os cantos do planeta, só porque são aliados eventuais do partido e do governo".
A aproximação do Brasil com países regimes considerados autoritários, como Irã, Coréia do Norte e Cuba, tem sido um dos principais motivos de crítica à política externa do governo Lula.
Serra mencionou diversas vezes em seu discurso o quanto "preza a democracia". Segundo ele, muitos partidos que se apresentam como democratas, na verdade "desdenham da democracia em suas ações diárias".
"Para mim, democracia é um valor inegociavel", disse.
Chapa incompleta
Ao contrário de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), seus principais opositores na disputa eleitoral, Serra passou pela convenção de seu partido ainda sem a confirmação de quem será candidato a vice-presidente em sua chapa.
Com a negativa do ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, para formar uma chapa "puro sangue", Serra ficou sem sua opção preferida ao cargo de vice.
O candidato tucano chegou a considerar a realização da convenção como uma data limite a essa definição, mas a vaga continua em aberto. A expectativa, agora, é de que o nome seja apontado nas próximas duas semanas.
O Democratas, principal partido da coalizão, tem feito pressão para apontar um representante seu ao cargo, com o deputado federal José Carlos Aleluia (BA) como uma das principais opções.
A cúpula do PSDB, no entanto, tem cogitado outras nomes, entre eles o senadores Francisco Dornelles (PP-RJ) e Sérgio Guerra (PSDB-PE).
Desafios
Antes mesmo do início oficial da campanha eleitoral, Serra já enfrenta um de seus principais desafios: a constante identificação de Dilma ao presidente Lula, que poderá resultar na transferência de popularidade do presidente à ex-ministra.
Desde fevereiro, o candidato do PSDB manteve-se praticamente estável nas pesquisas, segundo a média dos principais institutos, e hoje tem cerca de 37,4% das intenções de voto.
No mesmo período, Dilma Rousseff ganhou 8,3 pontos na média das pesquisas, chegando a 37% e empatando tecnicamente com o tucano.
Para sair vencedor em outubro, Serra terá de conquistar uma parcela considerável de eleitores que aprovam o governo Lula, que representam aproximadamente 75% dos brasileiros, segundo pesquisas de opinião.
Um outro desafio, portanto, é encontrar a dose exata da oposição ao governo Lula: se criticar demais, Serra corre o risco de perder os votos de milhões de brasileiros que aprovam a gestão atual; se criticar de menos, pode perder a chance de se diferenciar da candidata do PT, Dilma Rousseff.
FONTE: noticias.yahoo.com