O voo da empresa Rio Linhas Aéreas saiu de Cruzeiro do Sul com destino a Pucalpa – Departamento de Ucayali – às 23h do domingo 25, e 20 minutos depois aterrissou na pista do Estado peruano. Lá aguardavam autoridades de instituições ligadas à Aduana e trabalhadores da empresa exportadora, que imediatamente começaram a carregar as 24 toneladas de frutas e verduras compradas por empresários do Juruá.
O relógio marca 9h15min quando o ruído do 727-200F quebra o silêncio no aeroporto e toca o chão da pista de Cruzeiro. O ar de satisfação toma de conta principalmente do presidente da Assembleia, deputado Edvaldo Magalhães, que vem coordenando há tempo o projeto de integração comercial entre o Juruá e Ucayaly. “Agora podemos dizer que deu certo”, desabafa Edvaldo já literalmente dentro do espaço destinado a aeronaves.
10 produtos compõem o carregamento da segunda importação feita pelo Juruá de produtos hortifruti. A empresa importadora, Engeplan Serviços e Comércio Ltda, com 20 anos de experiência em transações internacionais, disse que o abastecimento de frutas e verduras ao mercado de Cruzeiro, ato contínuo, vai derrubar os preços em pelo menos 50% dos praticados atualmente.
Márcio Rebouças, que é gerente da Engeplan, cita o exemplo do tomate, símbolo da carestia no Juruá. No sábado, no mercado central da cidade, o quilo do tomate estava sendo vendido a R$ 8. Em outros pontos, o mesmo produto e quantidade não saíam por menos de R$ 10. “Uma realidade que somente a comunidade do Juruá conhece”, disse.
O importador explica como se dá a transação entre sua empresa, o exportador peruano e os empresários locais do Juruá. “Nós atendemos às necessidades dos empresários locais naquilo que eles querem comprar do Peru ou de qualquer país. Fazemos as compras, neste caso no Peru, e entregamos aqui para eles venderem no mercado da cidade”.
A transação comercial com os peruanos é feita em dólar e o banco que faz os repasses para a empresa exportadora, em Pucalpa, é a Caixa Econômica Federal. O valor da compra desta segunda (incluindo o frete da aeronave e produtos), conforme o gerente da Engeplan, foi de R$ 180 mil. “Na próxima segunda desembarcaremos aqui a mesma quantidade”, garante.
O gerente da Engeplan, disse também que a aeronave da empresa Rio Linhas Aéreas é a mesma que faz o transporte para os Correios do Brasil e sua vinda de Porto Velho para Cruzeiro-Pucalpa-Cruzeiro está resolvendo outro gargalo da economia do Juruá. “Quando a Rio vem de Porto Velho ela traz a Cruzeiro produtos como frios, sapatos, medicamentos e até eletroeletrônicos”. O preço do frete sai a R$ 2,99 o kg.
O presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães, ressalta a importância do momento e aproveita para agradecer as instituições (Anvisa, RF, Min da Agric, PF, Infraero, ANAC e Itamaraty) que ajudaram e estão ajudando na operação comercial entre duas regiões de países diferentes. “Quero também agradecer ao governador Binho, que tem dado todo apoio, e o senador Tião Viana, que muito nos ajudou na relação com a ANAC”.
Edvaldo disse que com o alfandegamento (licença) do aeroporto de Cruzeiro até o mês de julho os negócios entre Cruzeiro e Pucalpa podem acontecer sem problemas. “Essa é uma vitória. Daqui por diante está nas mãos da iniciativa privada levar em frente esse sonho. Isso aqui é a vitória do esforço coletivo”.
Capital de giro
Sem a melhora nas condições do aeroporto de Cruzeiro do Sul seria impossível por em prática o processo de fiscalização e registro dos produtos pelo Ministério da Agricultura, Anvisa, Receita e Polícia Federal. Uma câmara frigorífica foi instalada à margem do pátio central para acondicionar os produtos importados. Osvaldo Dílson, superintendente da Infraero declarou: ‘Tivemos que equipar salas para atender os órgãos anuentes da melhor forma possível”. Em 2009 passaram pelo aeroporto de Cruzeiro 98 mil passageiros.
Produtos importados do Peru: Abacate, Alho, Batata, Beterraba, Cenoura, Maçã, Repolho, Tomate, Uva e Melão.