Conferência aponta novos rumos para a comunicação no Brasil


Terminou nesta quinta (17), no Centro de Convenções Ulisses Guimarães em Brasília, a 1ª Conferência Nacional de Comunicação. Representantes dos três segmentos envolvidos nos debates (sociedade civil não empresarial, empresarial e poder público) deixaram o espaço destacando o surgimento de um novo canal de diálogo entre eles. Só por consenso, ou seja, com o apoio de mais de 80% dos delegados dos grupos de trabalho, foram aprovadas 532 propostas.




Estiveram presentes 1.684 delegados e mais de 400 observadores. Dos delegados presentes 40% eram do movimento social, 40% empresarial e 20% do poder público. As empresas foram representadas pela Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra), encabeçada pelos grupos Bandeirantes e Rede TV, e a Telebrasil que representou as operadoras de telefonia.

O último dia ficou caracterizado por uma disputa acirrada nas propostas mais polêmicas como a que trata do serviço de internet por banda larga. Os empresários queriam que o serviço fosse estendido à população por intermédio da iniciativa privada.

Prevaleceu a vontade do movimento social sobre um serviço prestado em regime público com metas de universalização. Por outro lado, o segmento empresarial derrotou a proposta de uso do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para revitalização da Telebrás.

Os empresários também foram derrotados com a aprovação da proposta que “cria mecanismo de fiscalização sobre emissoras de rádio e TV que veiculem conteúdos que atentem contra crianças e minorias”. A proposta foi aprovada por 370 votos contra 343.


Conselho de Comunicação


Uma das propostas mais importantes é a que cria o Conselho Nacional de Comunicação, instância de monitoramento, formulação e debate das políticas do setor no Brasil. Com representação dos três segmentos, o órgão seria semelhante aos que já existem em diversos países como os Estados Unidos, Inglaterra e França.

Questionado sobre se o Conselho seria criado, o presidente da comissão nacional organizadora do evento, Marcelo Bechara, disse esperar que sim visto que os segmentos presentes chegaram a um consenso sobre o tema. “Acho um fórum importante para dar continuidade aos debates”, disse.

Na sua opinião, a Confecom foi uma contribuição histórica e uma conquista da sociedade. “Acho que manter um fórum de discussão, um canal aberto é sim o primeiro passo para a agente fazer uma avaliação importante das grandes conquistas colocadas aqui e de outras que vão merecer uma reflexão maior”, diz.

Walter Vieira Ceneviva, vice-presidente executivo do Grupo Bandeirante, afirmou que o Conselho de Comunicação proposto na Confecom para o acompanhamento do marco da comunicação no Brasil dependerá da aprovação do legislativo. Ele acha difícil comentar a proposta de apenas quatro linhas, mas pelo fato de propor uma estrutura para assegurar os direitos dos três segmentos, acha a proposta “bastante adequada”.

Ele avaliou que o resultado da Confecom vai ajudar no aprimoramento da comunicação no Brasil ao contrário do que outros grupos de comunicação pensam. “O ponto de vista positivo é o fato de ela ter estabelecido uma interlocução com os diversos segmentos da sociedade civil não empresarial, a empresarial e o poder público federal, estadual e municipal”, avaliou.


Gilmar Dantas


Com participação ativa nas negociações, o representante da Associação Portal Vermelho, Altamiro Borges, diz que os setores progressistas presentes no evento saíram surpreendidos com a quantidade de propostas avançadas que foram aprovadas. “São bandeiras históricas do movimento social de regulamentação e controle do monopólio. Teve grupo que aprovou 421 questões consensuais”, avaliou.

Ele destaca ainda as conquistas alcançadas pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). “A luta pela regulamentação da profissão contra o atentado que o Gilmar Mendes, ou Gilmar Dantas, do Supremo (Tribunal Federal) cometeu contra o diploma da categoria foi feita (...) É preciso regulamentar. Não pode deixar a barbárie imperar nos jornalistas”, afirmou.

Miro diz quem for ler a resolução final da Conferência ficará abismado “sobre os princípios do movimento popular que foram reafirmados nos debates com a questão de gênero, ética e publicidade. “São princípios que deixam de ser formulação do movimento social, eles passam a ser institucional. “Os pessimistas morderam a língua”, comemorou.

O presidente da Fenaj, Sérgio Murilo, diz que dos temas centrais que os jornalistas escolheram para os debates todos foram aprovados. “A defesa da nossa regulamentação, a necessidade de formação específica do jornalismo, a ideia de ter um diploma de nível superior como critério democrático de acesso à profissão e a proposta do Conselho Federal para a profissão”, enumerou.

Para a categoria, segundo o presidente da Fenaj, foi de fundamental importância também a proposta de que seja estabelecido um código de ética comum tanto para o profissional quanto para a empresa. “Isso é um passo fundamental e recebemos aqui o apoio da Confecom”, diz.

Ainda na noite desta quinta o site oficial do evento não havia divulgado a consolidação das propostas aprovadas e que vão constar no relatório final.

Da Sucursal de Brasília,
Iram Alfaia
Raimundo Accioly

Cidadão comum da cidade de Tarauacá no Estado do Acre, funcionário público, militante do movimento social, Radio Jornalista, roqueiro e professor. Entre em Contato: accioly_ne@yahoo.com.br acciolygomes@bol.com.br 68-99775176

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