AQUELE RIO É MEU
Um camponês pescava num rio amazônico. Conseguiu pescar dois pequenos surubins. Depositou os peixes no sacutelo e seguiu para a sua humilde morada no meio da floresta. Quando caminhava pelo varadouro foi parado pelo fazendeiro dono daquele latifúndio.
- "Onde você pescou esses peixes?", perguntou o fazendeiro.
- "Naquele rio ali atrás", respondeu o camponês.
- "Então pode deixar os peixes aí mesmo”, disse o fazendeiro.
- Por que eu tenho que entregar os peixes que pesquei?”, questionou o camponês.
- Porque aquele rio é meu", respondeu o fazendeiro.
Quem vive no interior da Amazônia, mesmo neste século da sofisticada tecnologia e da avançada comunicação, sabe que cenas como essas são cotidianas e representam as bordas envergonhadas do modo de produção capitalista.
“Aquele rio é meu” significa a propriedade como causa e efeito da vida, como símbolo da maneira estúpida que parte substancial da humanidade escolheu para viver.
“Aquele rio é meu” significa a propriedade acima da vida, da religião, da família, dos laços de amizade, acima dos próprios bens naturais do planeta que geram a riqueza, a propriedade.
O capitalismo é tão estúpido que está destruindo as suas fontes naturais, os seus próprios insumos. Apodrece a água que alimenta o mundo e o ilumina de forma limpa, destrói todas as plantas que encontra pelo caminho, da erva pequenina às frondosas palmeiras, aniquila os animais na floresta, os insetos, as larvas.
“Aquele rio é meu” matou Copenhagen e deflorou a sua conferência. A COP15 não poderia florescer aonde a propriedade é mais forte do que o homem, mais importante do que a vida.
Os líderes de cada país não estavam negociando a vida e a sobrevivência de seus povos, barganhavam os lucros dos seus capitalistas. A exceção era minoria. Por isso que Copenhagen morreu.
A vantagem dessa tragédia na COP15 é que a humanidade está descobrindo que os poderosos não vão salvar o planeta que eles estão matando.
A salvação está no meio do povo, de suas organizações, a partir de atos coletivos e protegidos pela voz popular, em cada aldeia da Terra, em cada país, em cada grandioso ou pequenino lugar.
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