Seg, 13 Jul, 09h18
Por Regis Tadeu, colunista do Yahoo! Brasil
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Hoje comemora-se o Dia do Rock, uma data sem qualquer significado prático, que tem o mesmo valor que o Dia do Quiroprático e o Dia do Pasteleiro. E a data não tem a menor importância justamente porque não há motivo para comemoração, principalmente se levarmos em conta o que anda acontecendo no rock brasileiro.
E não escrevo isso por conta de uma hipotética ausência de bons nomes dentro do cenário nacional - pelo contrário, algumas bandas andam fazendo trabalhos muito interessantes -, mas por causa do absoluto desinteresse das pessoas em saber o que anda acontecendo no rock brasileiro.
É isso mesmo o que você acabou de ler. A grande maioria das pessoas acha que bandas razoavelmente antigas - Titãs, Paralamas, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaíi - ainda servem de parâmetro para o cenário nacional. Infelizmente, não servem mais, principalmente pelo fato de que estas mesmas bandas não conseguiram renovar o seu público - o único dos grupos remanescentes do chamado "BRock" dos anos 80 que conseguiu tal proeza foi o Capital Inicial, muito menos por sua música e muito mais por conta do apelo do vocalista Dinho Ouro Preto com a mulherada adolescente, que transborda progesterona. Também é estarrecedor perceber que essa massa de pessoas pensa que o rock brasileiro atual resume-se a meia dúzia de bandas emos, com "destaque" para os pavorosos NxZero, Fresno, o sumido CPM 22 e outros menos votados.
O mais incrível é que o desinteresse das pessoas por aquilo que rola hoje em dia acontece no momento em que toda e qualquer informação musical está disponível a todos na Internet. Não há mais desculpa para alguém dizer que não teve a oportunidade de conhecer um determinado disco de uma banda brasileira. Tudo está à disposição. Mesmo assim, bandas nacionais novas e bacanas ainda tem que penar, se submetendo a tocar em condições precárias nas pouquíssimas casa de shows existentes nas grandes metróples, o que também é um contrasenso inacreditável. Além disso, não há mais o apoio "$incero" das rádios, já que as gravadoras não têm mais "verba de divulgação" para seus artistas, e nem mesmo a MTV tem hoje o importante papel que desempenhou no passado.
O que resta às bandas? Divulgar os seus trabalhos como puder, tocando em festivais de qualidade sofrível, disponibilizando imagens de shows e clipes no YouTube, rezando para serem notados, e contar com o interesse de uma molecada cada vez mais ávida pela quantidade e não pela qualidade. Hoje, tudo envelhece muito rápido. Uma banda relevante do mês passado já é considerada ultrapassada no mês seguinte.
É claro que tem muita gente fazendo porcaria, mas isso acontece em qualquer segmento musical, seja ele brasileiro ou internacional. Mas isso não pode ser usado como desculpa para alimentar o desinteresse por um cenário que cada vez mais se transforma em uma "operação de guerrilha", em que bandas bacanas tentam conquistar corações e mentes de modo lento e gradual.
Sabe a tal "encruzilhada" que cito no título deste artigo? Ela se refere às duas opções que orock brasileiro em geral têm nos dias atuais: sair de sua "zona de conforto" e buscar novas alternativas de divulgação na internet ou cativar novos públicos com shows incessantes. Só que a tal "encruzilhada", na verdade, é um caminho único, pois uma coisa depende e, ao mesmo tempo, complementa a outra. E isso vale tanto para bandas já estabelecidas como para aquelas que ainda estão restritas às garagens e estúdios cheirando a mofo.
O que o rock brasileiro precisa urgentemente é esquecer os velhos vícios. Esquecer do rádio e da TV. Estar em uma dessas mídias já não é mais passaporte seguro e certeiro para o sucesso - quantas bandas você viu ultimamente na TV, nos "Faustões", "Ídolos", "Astros" e "Gas Sounds" da vida, que realmente tiveram suas carreiras alavancadas por conta dessas exposições? Nenhuma! Primeiro, porque realmente eram e são grandes porcarias; segundo, porque esses meios de comunicação perderam completamente a força perante um público cada vez mais disperso. E aí entra o tal desinteresse que citei no início deste artigo. Viu como o ciclo se fecha?
Por isso, no tal Dia Internacional do Rock, tudo o que o rock brasileiro precisa é de gente talentosa, com boas canções e idéias criativas na tarefa de vencer a barreira do descaso do público.
Abaixo, dou minha singela contribuição para que você conheça algumas bandas bacanas dentro da nova cena do rock brasileiro.
Que isso sirva de estímulo para que você deixe a preguiça de lado e vá atrás dos trabalhos destes e outros grupos que podem dar uma nova cara ao panorama musical brasileiro.
Yahoo! Respostas: Qual é o futuro do rock brasileiro?
Regis Tadeu é editor das revistas Cover Guitarra, Cover Baixo, Batera, Teclado & Piano e Studio. Diretor de redação da Editora HMP, crítico musical do Programa Raul Gil e apresenta/produz na Rádio USP (93,7) o programa Rock Brazuca. |
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