Proibição "extra" para uso de malhadeiras e tarafás revolta milhares de pescadores do Juruá. Deputada cobra explicações do órgão e questiona seguro-defeso, não mencionado pelo Ibama..
Perpétua: portaria desrespeita pescadores, que ficariam 8 meses no ano sem poder exercer atividade. | |
A deputada Perpétua Almeida está pedindo junto ao Ibama a revogação da instrução normativa que proíbe a pesca por malhadeiras e tarrafas no Vale do Juruá. A ordem, assinada pelo superintendente substituto do órgão, Roberto Messias Franco, impõe riscos à sobrevivência dos mais de 1.400 pescadores associados somente na cidade de Cruzeiro do Sul.
Os pescadores de Cruzeiro do Sul obtiveram um parecer jurídico prévio, junto á Defensoria Pública, segundo o qual a ordem baixada pelo Ibama seria inconstitucional, de acordo com o presidente da Colônia de Pescadores da cidade, Elenildo Nascimento.
"Não dá para criar regras que prejudiquem a alimentação de comunidades carentes", disse a deputada. O período proibitivo, segundo a instrução nº 192, de 25 de setembro do ano passado, começaria no dia primeiro de junho próximo e se estenderia a 15 de setembro, atingindo todo o perímetro urbano de Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul e Guajará (AM). E sujeita os pescadores e ribeirinhos a capturar peixes apenas com linha de mão (vara e molinete), numa quantidade não superior a 10 kilos por pessoa.
Perpétua discorda dos termos da portaria, uma vez que já existe um período de defeso anual instituído por lei (de novembro a março, época de reprodução dos peixes e destinada à proteção dos rios). A prevalecer a nova regra, aqueles que exploram a atividade pesqueira como único meio de sobrevivência de suas famílias estarão impedidos de usar suas redes durante 8 meses no intervalo de apenas um ano.
"Se é para manter a portaria, seria prudente prorrogar o pagamento dos pescadores através do seguro-defeso", lembrou a deputada, que pediu, na tarde desta terça-feira, reuniões com os dirigentes nacional e regional do Ibama para discutir o assunto, desta vez com a presença da colônia de pescadores. No Juruá, o encontro deve ocorrer na sexta-feira, quando a deputada estará em Cruzeiro do Sul.
A compensação (seguro-defeso), aliás, sequer é mencionada na portaria do Ibama, embora os pescadores tenham direito garantido em lei. "Nos estranha que a portaria seja datada do ano passado e somente agora, ás vésperas de uma oferta de peixes, seja implementada".
A área abrangida pela proibição, segundo justifica o Ibama, sofre pressão sobre os estoque em migração dentro do perímetro urbano com a captura de peixes abaixo do tamanho mínimo por pescadores habilitados para exercerem a atividade.
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