O Acre é um recanto de talentos. Tudo aqui é tão Acre mesmo, como nos diria o saudoso Zé Leite. Ainda não temos um ritmo musical que nos identifique como tais, assim como o Amazonas tem o Boi-bumbá, o Pará o ritmo quente do carimbó, etc. Os espaços para a música regionalista são poucos, como pouco também são os artistas com temática local. Muitos esbarram na falta de apoio, por questões financeiras ou mesmo por não conseguir espaço nas mídias, sobretudo nas rádios e TVs, que absorvem toda sua programação na propagação dos artistas da massa e do momento. Raras são as rádios que tem na sua programação um programa dedicado exclusivamente à música regionalista.
Na contramão desse movimento, surgem artistas como Alberan Morais, voz firme da Terra da Farinha, Cruzeiro do Sul, Auricélio Guedes, Magno Valença, na capital, ou mesmo Dym Gomes na Terra do Abacaxi Grande. Artistas que voltam-se para sua gente, sua terra, sua cultura.
Dym Gomes é um artista genuinamente de alma acreana. Nascido em Tarauacá, suas músicas estão entre um ritmo de brega pop e um ritmo regional próprio. O seu primeiro trabalho foi produzido em Manaus, onde morou por alguns anos. Com o título de "Cabeça de Abacaxi", nome de uma das músicas do Cd, Dym chegou ao topo das paradas na região de Tarauacá. Há uns três anos atrás lançou um novo Cd intitulado "A Dança do Mariri", com músicas inéditas e outras do primeiro trabalho. Destaque para as músicas que se voltam para a região, com ênfase na cultura dos povos indígenas e da floresta.
Dym ao longo destes anos tem lutado para conseguir patrocínio e apoio para a manutenção e divulgação de seu trabalho. Mas não tem sido nada fácil, vez por outra encontra alguém que lhe patrocina a tiragem de determinadas quantidades de seus Cds, que ele mesmo divulga e vende.
Ao reencontrá-lo no início deste ano, ele me falava de seu plano de retornar a Manaus para fazer um tratamento nas cordas vocais, prejudicadas devido a um assalto onde foi vítima de agressão, fato que o tem prejudicado nas suas apresentações. Todavia, as adversidades não tiraram seu sonho de continuar cantando e produzir novos trabalhos. Ele é um artista simples, daqueles que tem o talento, mas não como custeá-lo. É um artista de resistência ao modelo dominante, como tantos outros ocultos e desconhecidos por esse brasilzão maravilhoso, mas imprescindíveis.
Da mesma forma como admiro Vivaldi na música Clássica, Raulzito no Rock ou Mercury no axé, também admiro com a mesma presteza os artistas de minha terra, não pelo simples fato de serem da terra, mas porque eles ajudam a manter nossa identidade e a preservar aquilo que chamamos de memória.
É por isso que apresento o Dym a vocês! Divulgue nosso pop da floresta.