VEREADOR CAÇADOR DE JABUTI

Diferentemente da maioria dos parlamentares dos demais municípios brasileiros que já começaram a trabalhar, os “nobrezas” de Tarauacá continuam de férias (recesso parlamentar) e só retornarão ao trabalho a após o “ziriguidum”.

Uns, estão viajando para cuidar de sua saúde ou da saúde de seus familiares; outros, participando de discussões com movimentos populares; e alguns, cuidando de seus negócios.

Enquanto isso os trabalhadores mortais ralam diariamente pra sustentar a família.
Dois agricultores que moram as margens do Rio Murú me abordaram esta semana e me perguntaram se eu já estava sabendo sobre o vereador caçador e eu disse que ainda não, mas, gostaria de saber.

Então eles me contaram a seguinte história.

Um vereador da base do prefeito Vando Torquato, “cansado e entediado” de não faze nada, resolveu subir o rio e fazer uma caçada como forma de relaxar um pouco do stress do recesso.

Pegou uma canoa da prefeitura, um “combustívelzinho” (moeda de troca por carne de caça e jabutis na zona rural), contratou um pessoal bom, pegou emprestada uma espingarda, abasteceu o barco oficial de mantimentos e resolveu fazer uma caçada.

“Pessoal vamos subir o Rio Murú até o Seringal Colombo, dizem que lá é bom de veado e cutiara. Os jabutis a gente consegue trocando por combustível”. Afirmou o vereador comandante.

É lá se foi a expedição do vereador rumo ao Colombo.

Dias se passaram e o resultado da caçada rendeu apenas um veado e alguns jabutis.

Uma banda do veado e alguns “fusquinhas” foram traçados durante o tempo de permanência do vereador no seringal.

Na volta, o líder da expedição agora relaxado e de barriga cheia, trazia na bagagem apenas a outra banda do veado e quatro jabutis. Não se sabe se o veado foi caçado pelo vereador ou foi conquistado de outra forma. Mas, o nobre parlamentar queria de qualquer jeito comer um veadinho. E, comeu!

O Ibama, coincidentemente, resolveu fazer uma operação de rotina no rio Murú e montou um posto de fiscalização e abordagem dos barcos que navegavam por ali.

A embarcação oficial vinha descendo o rio tranquilamente, quando derrepente o vereador avistou o temido Careca do Ibama e dois policiais. E agora?


O nobre raciocinou rapidamente e exigiu que seus comparsas dissessem ao Ibama que ele não sabia de nada e que tinha pegado apenas uma carona no barco em questão. Depois eles conversariam “baixinho”.


O Ibama abordou o barco e o plano do vereador foi posto em prática.

Logo ele cumprimentou o fiscal, os policiais e disse que tinha pegado apenas uma carona naquele barco. Os companheiros do barco confirmaram a história.


O Ibama apreendeu a banda do veado, os jabutis, a espingardas e indiciou os tripulantes da expedição, exceto o esperto vereador.

Aí, tudo sobrou para “os orelhas”.

O Ibama recebeu informações de que um outro vereador guardava vários jabutis num local secreto as margens do Rio. Chegando no local encontraram apenas vestígios, pois “o nobreza” avisou seu pessoal e os jabutis foram retirados do cativeiro antes da chegada da Polícia.

Um outro velho e conhecido cabo eleitoral do atual prefeito morador do Seringal Mucuripe, teria também, em cativeiro, muitos jabutis. Chegando ao local a polícia encontrou mais de trinta jabutis prontinhos para serem comercializados.

Como o barco do Ibama era pequeno o cidadão ainda foi obrigado a transportar num outro barco os jabutis até a cidade.


Não vou citar nomes dos personagens dessa história real e deprimente.
Antes de escrever esse texto confirmei esta história com a polícia e ela é verdadeira.

Os homens que fazem as leis são os primeiros a descumpri-las.

Agora uma reflexão: Por que essa gente do Vando gosta tanto de jabutis e veadinhos?