Brasileiros vivem clima de terror em Pando

JORNAL TRIBUNA 12.09.08

Os protestos que acontecem nas cidades bolivianas estão tomando grandes proporções e deixando famílias brasileiras apreensivas. A preocupação é com os brasileiros que estudam no país vizinho e que estão impedidos de sair de lá porque os aeroportos estão fechados.

A estudante brasileira Milena Sampaio, que moram em Santa Cruz de La Sierra, disse que ninguém entra ou sai da cidade. Ela informou que nesta semana as escolas e as faculdades públicas estão sem aula.

“Na Ucebol [faculdade particular], onde estudam muitos brasileiros, continua tendo aula, mas, nas escolas públicas e nas faculdades do governo, o secretário de Educação suspendeu as aulas, acho que estão suspensas por tempo indeterminado. Alguns mercados estão fechados porque os proprietários temem ter suas mercadorias saqueadas. As estradas estão bloqueadas para impedir que cheguem mercadorias na cidade. Aqui, já soube que mataram duas pessoas. As pessoas estão apavoradas”, contou a estudante de medicina.

Ela disse que, mesmo morando longe do centro da cidade boliviana, fica em casa no horário em que não há aula.

“Fico em casa direto para evitar qualquer coisa, porque os manifestos estão acontecendo constantemente e as pessoas que participam dos protestos agem com muita violência”, declarou a estudante.

Milena contou que os manifestantes atearam fogo na imigração, o local onde ficam os passaportes dos imigrantes que moram em Santa Cruz e que na cidade está faltando gás.
“Na minha casa ainda tem, mas alguns amigos estão indo comprar em outros municípios que ficam próximos da cidade”, explicou.

A estudante de enfermagem Luzanira Oliveira, que estuda na cidade de Cobija, na faculdade Guape, relatou que, na última terça-feira, dia 9, ela e os colegas brasileiros que estudam na cidade boliviana precisaram sair da sala de aula às pressas porque a fronteira seria fechada.

“Na terça-feira, chegou um aviso de que fechariam a ponte que liga o Brasil à Bolívia, Nós estávamos em horário de aula e precisamos sair às pressas da sala porque eles avisaram que, depois que fechassem a fronteira, ninguém poderia entrar ou sair da cidade”, contou Luzanira.
A estudante de enfermagem disse que, de acordo com informações repassadas por colegas que moram em Cobija, cinco pessoas já teriam morrido nos conflitos e 35 estariam feridas.

Estrangeiros articulavam suporte

Segundo informações do Serviço de Inteligência da Policia de Pando, alguns estrangeiros vindos de Cuba, Venezuela e Colômbia teriam alugado casas em Epitaciolândia e Brasiléia para dar suporte aos manifestantes favoráveis a Evo Morales que partiram de La Paz com o objetivo de ocupar a sede do governo pandino em Cobija.

De acordo com o Serviço de Inteligência, esses estrangeiros ficaram do lado brasileiro da fronteira para não levantar suspeitas dos bolivianos e não se hospedaram em hotéis para não atrair a atenção da polícia brasileira.

O Serviço de Inteligência informou que a e stratégia desses estrangeiros era atravessar a fronteira que liga o Brasil à Bolívia assim que os manifestantes favoráveis ao presidente boliviano chegassem a Cobija assim, eles seriam reforços para auxiliar na tomada da sede do governo pandino.

Mortes envolvem dois grupos

A polícia de Pando assegurou que sete pessoas favoráveis ao presidente boliviano morreram durante confronto ocorrido em Porvenir, cidade localizada a 30 quilômetros de Cobija. Quatro corpos foram encontrados, três estão desaparecidos.

Foram registradas pela polícia de Pando três mortes entre os manifestantes favoráveis à autonomia e ao governador Leopoldo Fernandez. Os manifestantes que faleceram estão sendo velados em Porvenir.

A polícia informou, no final da tarde de ontem, que os bolivianos favoráveis à política de Evo atravessaram o Rio Tahuamanu, localizado em Porvenir, temendo que a população da província entre em conflito. De acordo com a polícia, do outro lado do rio, estão os moradores de Porvenir à espera dos manifestantes, eles estão armados prontos para entrar em confronto.

Governador teme ação dos manifestantes

Segundo informações de pessoas ligadas a Leopoldo Fernandez, ele já teria pedido a familiares para se hospedar em casa de amigos que moram no Brasil. O governador teria tomado essa providência para proteger a integridade dos familiares.

O governador receia que os manifestantes invadam uma área de terra pertencente a ele, localizada na estrada que liga Porvenir a Cobija. Para resguardar a propriedade, ele teria reforçado a segurança da área de terra e a segurança pessoal.

Desde a tarde de ontem, cerca de 50 homens fortemente armados estão em frente à sede do governo de Pando para proteger a área e evitar que os protestantes invadam o local.
(Nayanne Santana)
Raimundo Accioly

Cidadão comum da cidade de Tarauacá no Estado do Acre, funcionário público, militante do movimento social, Radio Jornalista, roqueiro e professor. Entre em Contato: accioly_ne@yahoo.com.br acciolygomes@bol.com.br 68-99775176

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