Fundação Giovanni Accioly deve levar aulas de violão para crianças carentes de Tarauacá, no interior do Acre; objetivo é promover inclusão social por meio da música. Família busca parceiros.
Por Alcinete Gadelha, G1 AC — Rio Branco
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Família decidiu de Giovanni Accioly está trabalhando pra criar fundação com o nome dele — Foto: Arquivo pessoal
Manter viva a memória e legado musical e ajudar crianças carentes. É assim que a família do cantor e radialista Giovanni Accioly, de 33 anos, quer fazer com o legado dele. Para isso, eles trabalham para criar a Fundação Giovanni Accioly de música, que deve começar ensinando aulas de violão para crianças carentes da cidade de Tarauacá, no interior do Acre.
Carismático e apaixonado por música, o cantor e radialista teve morte cerebral confirmada no dia 4 de novembro. Ele teve traumatismo craniano e estava em estado grave no Pronto Socorro de Rio Branco depois de bater o carro que dirigia contra uma carreta estacionada em frente ao antigo hospital da cidade de Tarauacá, no interior do Acre, no dia 1º de novembro.
As boas ações com a morte dele começaram a ser feitas quando a família decidiu doar os órgãos dele. Foram doados os dois rins, o fígado e as duas córneas do cantor para pacientes do Acre, Brasília e Goiânia. Agora, os bons atos devem ser expandidos.
"O Giovanni era músico instrumentista e sempre trabalhei com projetos sociais, sou radialista e professor, mas meu filho era músico e isso era sonho meu porque sou apaixonado por música. Já tivemos projetos aqui da associação do bairro, chamado 'Ponto de Cultura', onde muitas crianças passaram. Com a morte do Giovanni, quero dar continuidade ao legado dele de músico. Então, quero criar a instituição", contou o pai do cantor, Raimundo Accioly.
O projeto deve começar a ser desenvolvido na prática em 2021, mas, Raimundo Accioly já está na busca de apoio e tenta montar a logística de como as ações devem ocorrer. Ele contou ao G1 que alguns parceiros já se manifestaram e músicos locais para ensinar também.
A ideia inicial é que o projeto comece com aulas de violão, mas, depois expandir para outros instrumentos e até mesmo canto. Neste primeiro momento, o idealizador da fundação diz que ainda não dá pra dizer quantas crianças vão ser atendidas porque ainda não fechou todo apoio necessário.
"Vamos fazer inclusão social através da arte, principalmente música. Essa fundação vai levar o nome dele. Já temos gente de todos os lugares do Acre ligando, dizendo que quer apoiar, aqui do município também. Então, a ideia é usar o nome dele para promover inclusão social. É o legado do meu filho para ajudar crianças carentes e manter viva a memória dele. Até onde eu tiver forças, a memória dele não vai apagar, e se a gente puder usar isso para fazer projeto social, melhor ainda", acrescenta.
Accioly acrescenta que a ideia é conseguir um local onde as aulas possam ocorrer, mas, se de início não for possível, o projeto deve ocorrer de forma itinerante. Ele diz que outro fator que precisa ser considerado também é o momento de pandemia, para não promover nenhum tipo que aglomeração que ofereça prejuízos às crianças.
"Se não puder fazer numa área central, quero pelo menos conseguir os instrumentos, partituras e pessoas para fazer itinerante, nos bairros. Mas, a ideia é criar uma grande estrutura, como uma escola de música, essa é a ideia central. É meu projeto para a partir de 1º de janeiro começar. Os músicos aqui estão se propondo a ajudar a dar aulas", pontua.
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Velório e enterro de Giovanni Accioly foram marcados por apresentações musicais em Tarauacá — Foto: Arquivo pessoal
Morte coincidiu com aniversário do pai
O dia que o professor anunciou que a morte do filho tinha sido confirmada pela equipe médica coincidiu com a véspera de seu aniversário, no dia 5 de novembro. Ele disse que este ano não tinha como comemorar a data e que era um dia de despedidas.
“Meu aniversário e coincidiu com isso tudo, com a partida do meu filho e estou arrumando força não sei de onde para ter calma, conduzir a família, tomar frente das decisões aqui. Não estou com tempo para chorar agora, mas tenho certeza que depois vou arrumar um lugar para chorar tudo que tenho para chorar. Não vou comemorar meu aniversário, é um aniversário de grandes despedidas do meu filho.
Comoção após confirmação da morte
Nas redes sociais, muitos amigos lamentaram a morte de Giovanni e relembraram uma das últimas postagens feita por ele há seis dias: "Mantenha a fé na crença se a ciência não curar, pois se não tem remédio, então remediado está. Já é um vencedor quem sabe a dor de uma derrota enfrentar. E a quem Deus prometeu nunca faltou, na hora certa o bom Deus dará", escreveu fazendo referência à música Clareou, interpretada pelo sambista Diogo Nogueira.
O governo do estado lançou uma nota de pesar. "Natural de Tarauacá, Giovanni era um jovem e profissional extremamente querido e respeitado por todos, sendo um cidadão honrado por seus familiares e amigos da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) aonde trabalhava com grande dedicação e zelo na Rádio Aldeia FM de Rio Branco. Por isso, é digno de nossas sinceras homenagens."
Os servidores do Hospital Dr. Sansão Gomes também lançaram nota lamentando a morte. "Aos familiares e amigos, nesse momento de dor, externamos nossos sinceros votos de paz e solidariedade, e rogamos a Deus as suas bênçãos e conforto a todos."

Corrente de oração no momento da transferência do radialista para Rio Branco
Corrente de oração
Uma verdadeira corrente de oração foi montada por amigos e parentes de Giovani no momento em que ele estava sendo colocado no avião para ser transferido na segunda (2) e seguiu durante os dias de internação. Um vídeo, divulgado nas redes sociais, mostra várias pessoas de mãos dadas louvando e pedindo pela recuperação do rapaz.
Já internado no pronto-socorro da capital, várias pessoas se reuniram em frente à unidade em oração pela vida dele. Durante a noite, uma vigília foi transmitida ao vivo nas redes sociais e na casa do pai dele, em Tarauacá, dezenas de familiares e amigos também fizeram uma vigília pedindo que ele se recuperasse.
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Carro de Giovanni bateu contra carreta — Foto: Arquivo pessoal