Cidade fundada a partir de um seringal de nome Foz do Muru, no início do século XX.
Em 1907 passou a ser vila.
Anos depois, 24 de Abril de 1913, foi elevada à categoria de cidade.
Até 1943 o município se chamou SEABRA, quando então recebeu o nome TARAUACÁ, palavra indígena que quer dizer "rio dos paus ou das tronqueiras".
O abacaxi gigante que a região produz, de até 15 kg, juntamente com as inúmeras tarauacaenses que venceram o concurso Miss Acre, Tarauacá ficou conhecida como “Terra da mulher bonita e do abacaxi grande”.
HISTÓRIA
Habitavam as terras do município as tribos Kaxinawás e Jaminawas, que se localizavam às margens dos rio Tarauacá e Muru.
A partir de 1877, intensificou-se a exploração das terras marginais do “Tarauacá”, com a emigração de nordestinos. Em 1899, um grupo de imigrantes chega à confluência do rio Muru com o Tarauacá, fundando aí, o seringal “Foz do Muru”, que em breve cresceu de importância, uma vez que era aí o ponto de partida para as explorações dos altos rios.
Seringal Foz do Muru (desenho de Percy Lau)
O marco inicial, porém, da verdadeira história da desbravação desta região, a se ter notícia positiva, data do ano de 1890, quando intrépidos nordestinos, entre os quais: José, João e Antônio Marques de Albuquerque, Antônio Patrionilo de Albuquerque, Joaquim Gonçalves de Freitas, Manoel Pereira Cidade, Sabino Francisco do Rego, Severino de Freitas Ramos, Francisco Queiroz de Oliveira, João Lopes Ibiapina, Joaquim, Antônio e Alexandre Teixeira de Souza, Antônio Ferreira Lima, Manoel Paixão de Albuquerque, Ernesto Nunes Serra, Francisco Caetano de Oliveira, que penetraram nos rio Muru e Tarauacá, na exploração de demarcação de longas faixas de terras, formaram os seringais. Em 1899, fundaram um porto na confluência dos rios citados, denominando-o “Foz do Muru”, ponto de partida para novas explorações.
Com a celebração do Tratado de Petrópolis, em 1903, as terras do município passam a integrar o território nacional. Em 1904, com a primeira divisão territorial-administrativa dada ao Acre, Tarauacá passa a figurar no Departamento do Alto Juruá.
A 1.º de janeiro de 1907, “Foz do Muru” é elevada à categoria de vila, com o nome de “Seabra”, em homenagem ao então Ministro da Justiça, Dr. J. J. Seabra.
Antônio Antunes de Alencar
Em 1912, foi desmembrado do Departamento do Alto Juruá, passando a constituir o Departamento do Tarauacá, criado que fora pelo Decreto 9.831, e instalado a 19 de abril de 1913, sendo o seu primeiro Prefeito o Coronel Antônio Nunes de Alencar.
Ainda pelo Decreto 9.831, foi criado o município do mesmo nome, que foi instalado a 24 de abril de 1913, data em que a vila Seabra foi elevada à categoria de cidade.
Em 19 de abril de 1913, foi instalada a Comarca de Tarauacá, sendo o seu primeiro Juiz o Dr. Djalma de Mendonça.
Em 29 de janeiro de 1914 circula o primeiro número do jornal “O Estado”, órgão oficial da Prefeitura. A 11 de junho de 1916, chega a Tarauacá o Capitão do Exército Eugênio Augusto Ferral, comadante da Companhia Regional, primeira força policial criada no Departamento. A 1º de outubro de 1920, em face da nova organização territorial administrativa dada ao Acre, é extinto o Departamento, continuando em vigor o Município de Tarauacá.
Em 1943, em virtude do Decreto-lei Federal nº 6.163, a cidade de Seabra mudou a sua designação para “Tarauacá”. Não se tem notícia de fatos dignos de especial menção no período anterior à modificação acima citada.
Pela divisão Administrativo-Judiciária, também processada por intermédio do Decreto-lei n.º 6.163, citado, ficou dividido em dois distritos: Tarauacá e Foz do Jordão. Todavia, o distrito de Foz do Jordão foi emancipado a Município por meio da Lei nº 1.034, de 28/04/1992.
“Tarauacá” é nome indígena, e significa “rios dos paus ou das tronqueiras”.
LOCALIZAÇÃO
O município de Tarauacá está situado na zona fisiográfica do vale do Juruá. Limita ao norte com o Estado do Amazonas; a leste, com o Município de Feijó; ao sul, com a República do Peru; a oeste, com o Município de Cruzeiro do Sul. Atualmente, limita-se ao sul com os Municípios de Marechal Thaumaturgo e Jordão e a oeste com os Municípios de Cruzeiro do Sul e Porto Walter. Posição do Município em relação ao Estado e sua Capital.
ALTITUDE E CLIMA
A altitude da sede municipal é de 190 m. Em geral, o clima do município, como o de todo o Estado, é quente, apesar de se registrarem ondas de frio, vulgarmente conhecidas por “friagem”, provenientes do sul e sudeste, que têm a duração de 3 a 8 dias. Essas ondas de frio provocam uma queda brusca de temperatura, que vai, no espaço de 12 horas, de 36 a 10 graus centígrados. As chuvas são abundantes no período de novembro a abril, época em que se registram, também, pequenas trovoadas, não obstante a temperatura se manter mais ou menos quente. A época de maior intensidade de calor é de agosto a outubro, período de rigoroso verão. A oscilação mais acentuada da temperatura se verifica, geralmente, no período de junho a setembro.
ÁREA TERRITORIAL
A área do município antes, segundo dados do Conselho Nacional de Geografia, era de 22.099 km2, sendo o terceiro município do Território em extensão territorial. Hoje, a área atual do município, após o desmembramento por que passou, é de 15.553,43 km2. Apesar disso, ainda é o terceiro município do Estado em extensão territorial.
ACIDENTES GEOGRÁFICOS
Os principais acidentes geográficos são:
Rio Tarauacá – nasce no Peru e toma geralmente a direção leste, desemboca no rio Juruá (Estado do Amazonas). Profundidade média de 25 pés, no inverno, e 4 pés no verão, mede aproximadamente 715 km;
Rio Muru - nasce no Peru, toma a direção sudoeste-nordeste e desemboca no Rio Tarauacá em frente à cidade do mesmo nome, e sede do município. Tem a profundidade média de 12 pés, no inverno, e 2 pés no verão;
Rio Jaminauá – nasce dentro do município, e desemboca no rio Tarauacá, tendo todo o seu percurso dentro do próprio município. Tem a profundidade média de 12 pés, no inverno e 2 pés no verão (Obs.: O rio Jaminauá encontra-se dentro dos limites do Município de Feijó, segundo mapa disponível no site do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT (www.dnit.gov.br). A denominação atual do citado rio Jaminauá é igarapé e nasce nos limites do Município de Jordão.);
Rio Jordão – nasce e desemboca dentro do próprio município, em frente à cidade do mesmo nome, no rio Tarauacá. Tem a profundidade média de 12 pés, no inverno, e 2 pés, no verão;
Rio Acuraua - nasce no município e desemboca no Rio Tarauacá (Estado do Amazonas). Tem a profundidade média de 12 pés, no inverno e 2 pés, no verão.
RIQUEZAS NATURAIS
No passado a flora e a fauna constituiam as únicas riquezas naturais do município, que tinha na seringueira (Hevea brasiliensis), e nos animais silvestres: caititu (Pecari tajacu), veado (suaçu), queixada (Tayassu pecari), anta (Tapirus americanus), etc., os principais fatores da sua economia. O município possui, também, nas suas matas, grande variedade de madeira para construção, como: acariquara (Minquartia guianensis), cedro (cedrula, aniba, larix), cumaru (Coimarana adorata), guariúba (Clarisia nitida e Clarisia racemosa), itaiúba (Ocotea magaphila), aguano (Swietenia macrophilla), pequiá ou amarelão (Caryocar brasiliensis), etc. Possuem, ainda, as selvas do município, grandes variedades de palmeiras oleaginosas (açaí, bacaba, patauá), além de inúmeras outras espécies. Há, também, variadíssima quantidade de aves: arara (fam. Psitacídeos), garça (Casmerodius crepitans), juriti (oreoploleia), tucano (Rhamphastus culminatus e ariel), etc.
Nos seus rios e igarapés são encontrados vários tipos de peixe, sendo os principais: curimatá (fam. Prochilodus), dourado (Salminus brevidens), jundiá e mandi (fam. silurídeos), matrinchão (Brycon brevicaudatus), etc.
Atualmente, é muito forte a presença do comércio e da agricultura. A Prefeitura, o Estado e o comércio são os grandes empregadores do município.
OS PRIMEIROS HABITANTES
Índios Kaxinawá em Transwaal,
no rio Jordão, afluente do rio Tarauacá,
em 1924. (Foto Blog do Netuno)
Não dar para falar da história de Tarauacá, a começar pelo seu próprio nome, sem mencionar a presença marcante dos povos indígenas. A região era habitada por diversos grupos, os quais a maioria brutalmente foram massacrados, expulsos ou amansados. O marechal Candido Rondon chegou a registrar os seguintes grupos nessa região no início do século XX: Amauaca – localizado no rio Jordão; Bendiapa – localizado no rio Gregório, afluente do Juruá (Aruak – Katukinas); Catuichi – no rio Gregório; Kaxinawa – no rio Jordão e rio Muru; Contanau – no rio Tarauacá; Kurina ou Kulino – no riozinho de Pebedo (sic) e rio Gregório; Jaminawa – nos rios Envira, Tarauacá e Breu.
Em seu relatório ao Ministério da Agricultura referente ao ano de 1910, o engenheiro João Alberto Masô, denunciava a violência contra os povos indígenas. Narra ele o brutal fato ocorrido em 1899, quando no Rio Gregório foram mortos aproximadamente 400 índios da Tribo Ajubins, provavelmente extinta, pelo peruano Carlos Scharff e seu conterrâneo Eufrain Ruiz. Carlos Scharff trucidou ainda todos os indígenas das Tribos Jaminara (sic), no rio de mesmo nome, e os que habitavam o Paraná do Ouro.
Inúmeras foram as “correrias” realizadas pelos exploradores para expulsar os indígenas das terras com o intuito de abrir seringais. Tarauacá abrigou um dos maiores algozes dos povos indígenas, o lendário e sanguinário Pedro Biló. Alfredo Lustosa Cabral narra uma dessas correrias no início do século XX nas proximidades do seringal Primavera, no Alto Tarauacá, contra os catuquinas:
“De pronto, foi organizada uma correria.
Era preciso ação pronta, decidida, urgente. Compunha-se de vinte homens com trezentos cartuchos Winchester cada um. (...) Penetrando na mata foram dar com as malocas depois de terem andado três dias. (...) Tomaram chegada às seis horas, hora em que o selvagem costuma estar reunido. Dormiram a certa distância do aceiro. Às cinco da manhã, avançaram formando cerrado tiroteio.
A mortandade foi grande, mas escafederam-se muitos.
Aproximando-se dos barracões conseguiram prender uns 15 corumis. Os novinhos deixaram. (...) De regresso, os prisioneiros começaram a gritar demais, sendo preciso abandoná-los, deixandos à toa, perdidos. Outros praticavam selvageria destampando a cabeça dos inocentes com balas.” (CABRAL, 1984, p. 61)
Ao todo só nessa região do Departamento do Alto Juruá vivia uma população de aproximadamente 20 mil indígenas. Hoje no Acre todo são um pouco mais de 15 mil, segundo dados do IBGE 2010, sendo Tarauacá o segundo município acreano em concentração de terras indígenas, com oito áreas que equivalem 9,8 % do município, distribuídos em 30 aldeias, com aproximadamente 1639 habitantes.
OS PRIMEIROS DESBRAVADORES
Entre os primeiros desbravadores da região de Tarauacá estão os nordestinos. Entre eles encontramos os nomes de João, José e Antonio Marques de Albuquerque. Este faleceu no seringal Paraiso, rio Muru, em 11 de novembro de 1919, sendo um dos desbravadores desse rio; Antonio Patriolino de Albuquerque – um dos desbravadores do rio Tarauacá, faleceu em agosto de 1914 na Estrada de Ferro de Bragança, estado do Pará; Antonio Frota de Meneses – grande comerciante aviador e desbravador da região, falecido no Rio de Janeiro no dia 25 de setembro de 1915; Manoel Probem de Albuquerque – um dos desbravadores dos rios Tarauacá e Envira. Faleceu na fazenda Corcavado, em Tarauacá, no dia 11 de agosto de 1943, aos 81 anos de idade; Hipólito de Albuquerque e Silva – um dos desbravadores e prefeito de Tarauacá. Pai do escritor José Potyguara; Joaquim Gonçalves de Freitas; Joaquim Teixeira de Sousa; Francisco Caetano de Oliveira; Francisco Queiroz de Oliveira; etc. A maior parte destes ajudou a fundar o seringal Foz do Muru.
Reprodução do texto relativo à cidade de Tarauacá, constante da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, publicada pelo IBGE, entre os anos de 1957 e 1960. Com algumas atualizações e adaptações próprias do blog.