Nesse mais de 30 anos que atuo como radialista, já tive oportunidade de me deparar com muitas situações positivas, algumas negativas e outras impressionantes.
Quando instalamos a Rádio Comunitária Nova Era FM, há 13 anos, tínhamos na mente o projeto de uma emissora, onde o seu foco principal fosse ajudar as pessoas de nossa cidade. Do mais pobre ao mais rico. Do mais instruído ao que não teve oportunidade de estudar. E temos procurado fazer isso durante todo esse tempo.
Durante essa semana, recebi uma “cartinha” que me emocionou e emocionou a todos que tiveram oportunidade de ouvir sua leitura. Era um pedido de ajuda para uma pessoa que estava há quatro dias sem se alimentar direito simplesmente porque a família não tinha dinheiro para comprar alimentos. O que seria uma situação muito comum, se não fossem os personagens da carta.
PRIMEIRO PERSONAGEM:
A carta foi escrita por Jailson Oliveira, um garoto pobre de 11 anos, morador do trapiche que fica localizado no final da Rua Manoel Lourenço, no Bairro da Praia. Ele é estudante do 6º ano, do período da manhã da Escola Rosaura Mourão e sua professora é a Clícia Torres.
SEGUNDO PERSONAGEM
João Paulo Amorim, 12 anos, de uma família pobre com mais 7 irmãos, morador do trapiche do final do Beco das Altas Horas, colega de sala do Jailson. Sua mamãe dona Raimunda é desempregada e a família sobrevive com R$ 600,00 (seiscentos) reais, proveniente do Programa Bolsa Familia. Uma irmã de João já está no ensino médio e um irmão estuda no IFAC. Agora imaginem o malabarismo que dona Raimunda faz para manter crianças e adolescentes na escola, com material escolar, roupas e alimentos com apenas esse valor. O pai vive numa colônia. Estão há pouco mais de um ano na cidade.
A CARTA.
Jailson chegou da escola e contou para sua mamãe Dona Lúcia, que seu colega havia lhe dito que estava há 4 dias sem comida em casa. Só comia quando alguém dava. Foi aí que ele disse se não era possível a mãe dele ajudar. Então veio a ideia de mandar uma carta para o Accioly pedir ajuda pela rádio. Foi aí que escreveu a carta pedindo ajuda. Antes, porém sua mãe juntou uns alimentos e o garoto foi deixar para o colega pode se alimentar.
A VISITA
Nesta quinta feira, fui pessoalmente à casa de Jaílton e de lá fomos até a casa do João Paulo. Chegando lá bati um papo com ele e com a Dona Raimunda e me certifiquei da situação difícil. A casa que moram até que é bacana, o problema mesmo é a infraestrutura. Não há móveis, a tv é muito velha e a geladeira também. A luz é puxada da casa ao lado. Não há camas e todos dormem em redes. O mais grave é a falta de alimentos. “Nesses dias a gente só comeu porque os vizinhos nos ajudaram”.
O que ainda me animou é o fato de que os filhos da dona Raimunda estão indo para a escola.
O QUE PODEMOS FAZER
Precisamos ajudar o João Paulo e sua familia.
Quem poder doar alimentos, roupas, calçados, cadernos, canetas, mochila, móveis, cama de solteiro, colchão, lençol, utensílios domésticos e o que mais puder, será muito bem vindo.
PARA O JAILTON
Acho que o Jaílson também merece ganhar pelo menos uma bicicleta pela atitude digna e solidária, especialmente, vindo de uma criança.
Por fim, uma criança pobre pedindo ajuda para outra criança mais pobre do que ela.
O mais gratificante é que a ideia do garoto partiu do interior de uma escola.
Quem puder ajudar a família do João Paulo, pode deixar sua doação na rádio comunitária pelo período da manhã. Pode também ligar para o numero de uma prima do João Paulo. 9 99920811. Pode fazer visita à família.
Quem quiser conhecer e também ajudar o Jailson liguem para sua mamãe e combine. Dona Lúcia: 999274294.
Essa poderia ser apenas mais uma das cartas que recebo diariamente, porém, o Jaílson é um exemplo que ainda nos faz acreditar nas pessoas, na solidariedade e no AMOR.
Deus abençoe a todos
Por Raimundo Accioly – Professor e Radialista