O desembarque do empresário Júnior Damasceno, da Paris Dakar, em Rio Branco, há cerca de duas décadas e meia, parecia prenunciar o improvável. Ele descia de um avião hércules, da Força Aérea, vindo de Tarauacá, onde nasceu, com um monte catrevagens de motos acomodados em sacos de fibra. Com ele, também, a esposa, Célias Félix, e um monte de sonho na cabeça. Os sonhos viraram realidade. O Damasceno que consertava motos lá no interior tornou-se referência no mundo dos motoqueiros e dos amantes dos esportes náuticos, com sua consolidada empresa, a Paris Dakar.
Júnior Damasceno é de família tradicional de Tarauacá, mas precisou “ralar muito”, segundo diz, para chegar na potência que é hoje em Rio Branco e nos principais municípios do Acre, onde tem lojas e oficinas. “Comecei arrumando a moto de um amigo meu que caiu durante uma brincadeira lá em Tarauacá”, conta. Depois passou a guardar peças debaixo da cama. Quando decidiu vir para Rio Branco, trouxe tudo. “Cheguei aqui e fui correr de moto. Virei campeão do Acre, Rondônia e Amazonas”, conta o ex-piloto. Foi também o guitarrista da mais famosa banda do interior do Acre no final dos anos 1980 e início dos 1990, a Naja. Só parou para cuidar dos negócios com motocicletas.
Com muitos amigos espalhados por todo o Acre, portador de uma gentileza sem tamanho, bem peculiar, Júnior Damasceno começa a embalar outro sonho, o de conquistar uma cadeira no parlamento. Convidado por amigos, deve disputar as eleições de 2018 para deputado federal. Partido para acomodar o forte pretendente é o que não falta. “Tenho convites de muitos partidos”, confirma.
Antes, porém, de entrar nessa nova “corrida”, a da política, Júnior Damasceno está andando, pedindo o conselho dos amigos e consolidando as amizades de uma ponta a outra do Estado. Até o limite da lei eleitoral deve se filiar em uma sigla, onde, seguramente, comporá um grupo de pré-candidatos a deputado federal tidos como favoritos. “Vou realizar esse novo sonho, se Deus permitir”, resume Damasceno, que de sonho em sonho alcançou o ápice dentro de um mercado competitivo, o dos veículos de duas rodas e das embarcações. No comércio ele é rei. Na política ainda falta a coroa.
Blog do Evandro Cordeiro