ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO NO ACRE: Diretores da Sehab são presos por esquema em sorteio de casas no AC

Diretor executivo Daniel Gomes (à esquerda) e diretor social Marcos Huck (à direita) foram presos durante Operação Lares (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
A segunda fase da Operação Lares, nesta terça-feira (26), prendeu os diretores executivo e social da Secretaria de Habitação do Acre (Sehab) , Daniel Gomes e Marcos Huck, respectivamente. Além da ex-terceirizada Cícera Silva e a empresária Rossandra Lima, todos apontados pela polícia por envolvimento no esquema que negociava casas populares no Acre.

Esta é a segunda fase da operação do Ministério Público do Acre (MP-AC) e Polícia Civil, deflagrada em fevereiro deste ano. O delegado responsável pelo caso, Roberth Alencar, deve dar coletiva ainda na manhã desta terça.

Ao G1, o diretor executivo Daniel Gomes negou as acusações e fez questão de ressaltar que a denúncia da fraude partiu da própria secretaria e que não fazia parte do esquema. "Nós que detectamos a fraude e fizemos o encaminhamento para a Polícia Civil para que fosse aberto o inquérito. Não temos envolvimento com a prática. Acredito que por exercer a função de diretor executivo fui citado", disse.

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Os outros três servidores permanceram calados durante a apresentação e não quiseram dar suas versões.

Como cada um agia no esquema, segundo a polícia
A Polícia Civil mostrou um esquema de como cada suspeito agia no esquema de vendas das casas populares. De acordo com Roberth Alencar, as casas eram vendidas por R$ 5 mil a R$ 30 mil em conjuntos populares, principalmente no Rui Lino.

"Temos diversos servidores públicos e empresários que estão em posse de imóveis que deveriam ser destinados a pessoas carentes. É mais do que um prejuízo financeiro, é um prejuízo social. Esse é um esquema que vem sendo praticado há alguns anos dentro da secretaria", destacou.

De acordo com a polícia, o diretor executivo Daniel Gomes direcionava para quem as casas deviam ser vendidas e determinava a localização dessas casas. "Uma mulher que tem um filho dele tem uma casa, uma amante também. Tudo isso ele direcionava de acordo com o poder que cabia a ele", explica.

O diretor social Marcos Huck é apontado como aquele que fazia a montagem dos processoas e autorizava a fraude. A polícia explica que Huck determinava a venda do imóvel e Cícera, a ex-funcionária terceirizada, cumpria as ordens fraudando documentos para o sorteio das casas. Uma babá do diretor foi contemplada com uma das casas.

Já a empresária Rossandra Lima teria sido recrutada por Cícera e ganhava dinheiro em cima do preço estipulado pela ex-funcionária. "Por exemplo, se uma casa era passada por R$ 5 mil, a Rossandra vendia por R$ 15 mil e ganhava em cima da venda", destaca.

Servidores devem ser afastados da Sehab
O secretário de Habitação do Acre (Sehab), Jamyl Asfury, informou que Daniel Gomes e Marcos Huck devem ser afastados da direção executiva e social, respectivamente. "O que tem que ficar claro é que a única pessoa que aparecia era a Cícera, mas a à medida que foram investigando identificaram que em algum momento há a participação de mais dois servidores, que serão afastados", destacou.

O secretário de Segurança Pública, Emylson Farias, diz que o Estado deve ser implacável contra a fraude que ocorre na secretaria. "Pode ter ainda a Operação Lares 3, ninguém está acima da lei", destaca.

Cícera Silva (à esquerda) e Rossandra Lima (à direita) são suspeita de vender casas populares, segundo a polícia (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre e Iryá Rodrigues/G1)
Operação Lares

A primeira fase da Operação Lares, da Polícia Civil e Ministério Público do Acre (MP-AC), foi deflagrada em fevereiro deste ano e tem como objetivo desmantelar um esquema de fraude na entrega de casas populares no estado.

No primeiro momento, oito pessoas foram ouvidas e cinco mandados de busca foram cumpridos em Rio Branco. Entre os suspeitos, estavam uma funcionária da Secretaria de Habitação do Acre (Sehab) e um servidor lotado na Junta Comercial.

A 'Operação Lares' teve sua primeira fase concluída, que foi a obtenção de provas para fortalecer o inquérito.

Por Iryá Rodrigues e Tácita Muniz
Do G1 AC

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