Rio Tarauacá |
Para os europeus o Brasil é um gigante com um enorme potencial de desenvolvimento. Uma potência regional, que já se destacou em numerosas áreas do saber humano. Além disso, o Brasil pode gloriar-se de possuir a maior parte da bacia amazônica, que abriga a selva pluvial mais extensa do planeta. Uma biodiversidade alucinante, uma espécie de farmácia natural, a maior parte ainda por descobrir. Uma área onde encontram-se as maiores reservas de agua doce do mundo, os pulmões dum planeta cada vez mais saqueado e contaminado. Isso não só representa uma grande honra, mais também uma grande responsabilidade. Como é possível que essa nação tão privilegiada afirme que o futebol é a única riqueza que possui?
Nesta época em que estamos destruindo as últimas selvas tropicais a um ritmo vertiginoso, o Brasil poderia fazer a diferença mostrando que desenvolvimento e conservação são perfeitamente compatíveis. Embora que para isso precise-se de líderes políticos comprometidos e conscientes do valor incalculável que representam as matas virgens para o Brasil e pela sobrevivência do planeta terra. No futuro as selvas amazônicas terão um valor ainda maior, simplesmente porque serão as únicas.
Infelizmente, a política do governo atual no estado do Pará e outros estados da Federação, não é nenhum motivo de esperança. Parece incrível a esta altura do campeonato, mas ainda tem muitos políticos brasileiros que pensam que desmatar é sinônimo de progresso. É fácil enganar-se. Qualquer pessoa que sobrevoe a bacia amazônica em toda sua extensão, pensaria que as selvas são intermináveis e que bem pode sacrificar-se uma porção. Mas a aparência engana. Os especialista tem alertado que a selva amazônica é formada por um ecossistema frágil, um equilíbrio precário que não pode ser alterado, se o homem quiser evitar desastres naturais a uma escada inimaginável; apocalípticas.
Já estão acontecendo esse tipo de desastres em várias partes do mundo. Jamais na história teve tantas furacões, secas e inundações como atualmente. Em toda a parte do hemisfério o clima está de pernas para cima, desestruturado, completamente louco. O verdadeiro desafio do Brasil de hoje não é o futebol, mas assumir seu destino de grande nação e desenvolver-se mantendo suas riquezas naturais intactas. Com orgulho, rumo ao futuro, firme no seu compromisso de desenvolvimento sustentável. Se alcançar isso, conquistará um prestigio enorme entre todas as nações.
Já estou ouvindo os comentários: outro europeu hipócrita, apaixonado pelas matas, que após ter lido um livrinho sobre Chico Mendes, vem metendo a nariz nos assuntos alheios. Talvez. Mas também um autêntico torcedor do time chamado Brasil.
Michel Janssen
Holandês casado com a Tarauacaense
Landia Janssen
Julho de 2014