O número de mulheres no Acre infectadas com o vírus da aids não é pouco. São 171 casos, sendo que 85% estão concentrados na capital. Em mulheres com mais de 50 anos, o número de casos dobrou. Em 1996, a estatística apresentava 7,3% e, em 2006, passou para 14,5%.
Estudos do Ministério da Saúde apontam que o uso de preservativo é um dos principais motivos de as mulheres serem infectadas pelo vírus.
“A confiança no parceiro é a principal razão. O pior é que, em muitos casos, os homens sabem que são portadores do vírus e escondem de suas parceiras”, disse a coordenadora do Programa Municipal de DST-Aids, Eliana Karen.
Mulheres casadas, principalmente, sofrem ainda mais com esse problema, pois têm medo que os maridos interpretem o pedido como um sinal de desconfiança. Porém se esquecem de que podem ser contaminadas por eles.
O condicionamento social que determina que as mulheres casadas confiem cegamente na fidelidade de seus maridos leva muitas a descobrir, muitas vezes tardiamente, que são portadoras da doença.
“Quando fazem o exame e dá positivo, a pessoa fica com muitas interrogações na cabeça. Por isso, é necessário cuidados no momento na relação sexual. Desde 1992, não há casos de contração de aids por transfusão sanguínea, então resta somente a contaminação pela relação sexual ou por acidentes (cortes)”, ressaltou.
Eliana explica ainda que, quando a pessoa faz o exame e descobre que é portadora do vírus HIV, a notificação não é levada ao sistema, fica mantido sob sigilo. Somente notifica quando a pessoa está em estado debilitado por causa da aids. O primeiro caso de aids notificado em Rio Branco aconteceu em 1987.
Para grande parcela das pessoas que vivem com HIV no Brasil, o início do tratamento ainda é tardio conforme os resultados do relatório “Ungass: Resposta Brasileira à Epidemia de Aids de 2005-2007”, divulgado no início de 2008 pelo Ministério da Saúde.
Mesmo com a disponibilidade dos medicamentos antirretrovirais no Sistema Único de Saúde (SUS), o documento demonstrou que 43,7% dos pacientes começaram o tratamento tardiamente, com deficiência imunológica ou quadro clínico de sintomas da aids.
(Ana Paula Batalha)
FONTE: JORNAL A TRIBUNA