Acreano Edson Pinheiro é bronze na Paralimpíada

O slogan “Pódio todo dia” do Comitê Paralímpico Brasileiro muito tem a ver com a participação do atletismo nos Jogos Olímpicos do Rio. Na manhã desta terça-feira, quem abriu a contagem foi Edson Pinheiro, com o bronze nos 100m rasos T38, para paralisados cerebrais, em 11s26. Foi a 18ª medalha em seis dias de competições no Estádio Olímpico. Nascido pelas mãos de uma parteira em um seringal no interior do Acre, o velocista precisou de três Paralimpíadas para chegar ao pódio, mas o fez em grande estilo, em casa. O chinês Hu Jianwen quebrou o recorde mundial (10s74) e ficou com o ouro, desbancando o bicampeão Evan O´Hanlan, da Austrália, que levou a prata (10s98).


A falta de oxigenação no cérebro causou a lesão que afetou os movimentos do braço direito de Edson, filho de um “soldado da borracha” e uma dona de casa, na pequena Cruzeiro do Sul. A porta de entrada de Edson no esporte foi o tênis de mesa, em 2001, mas a experiência não durou muito. No ano seguinte, se apaixonou pelo atletismo e dois anos depois já estava convocado para seleção brasileira. Era o início de uma longa caminhada até a medalha conquistada nesta terça-feira.

- Eu vim de uma cidade bem distante, um lugar onde não tem muita expectativa. Passei muitos anos fazendo trabalho braçal para ajudar a família. Cresci, fui para Rondônia, comecei a praticar tênis de mesa, depois fui para o atletismo. Não consigo pensar em outra coisa se não o atletismo. Já capinei quintal, queimei tijolo… Não me arrependo de nada e tudo foi gratificante para chegar até aqui.

Desclassificado nos 400m em Pequim 2008 e em Londres, Edson tinha resultados medianos nas Paralimpíadas anteriores. O melhor deles era um quarto lugar nos próprios 100m rasos na China. Oito anos depois, o acreano finalmente deu um passo adiante e subiu ao pódio. O bronze no Mundial de Lyon 2013 e a prata em Doha 2015, por sinal, já indicavam que a missão, enfim, seria completada no Rio.

- É maravilhoso. Dentro de casa, com essa torcida empolgante, e poder ganhar essa medalha é muito bom, é um momento único. É minha primeira vez em um pódio de Paralimpíada. A prova era muito forte e quem largasse melhor teria grandes chances. Eu estava treinado, mas 100m é um tiro. Fui dormir 3h da manhã pensando: “Amanhã é meu dia”. Era o que estava faltando.

O calor de 33º graus no Rio de Janeiro jogou a favor de Edson, que ainda no aquecimento acompanhou o sofrimento dos principais concorrentes.

– O australiano e o sul-africano estavam sofrendo um pouco, com toalha de gelo nas costas. Para mim, era tranquilo, já estou acostumado. A torcida gritando meu nome também ajudou.

Na próxima quinta-feira, Edson Pinheiro volta ao Estádio Olímpico para disputa do salto em distância. Agora, bem mais relaxado. A missão já está cumprida: ele é um medalhista paralímpico.

Jornal A Tribuna

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