Programa Quero Ler vai beneficiar mais de dois mil alunos no Juruá


AGÊNCIA ACRE - Na manhã do dia 12 de junho do ano passado, o Teatro Plácido de Castro, em Rio Branco, ficou lotado de educadores, de lideranças comunitárias e, sobretudo, de acreanos de origem humilde, ávidos pela descoberta do mundo da leitura. Naquele momento, talvez as pessoas não tivessem a exata proporção que tomaria o programa Quero Ler, um conjunto de ações coordenadas para erradicar o analfabetismo no Acre até 2018.

Hoje, um ano e dois meses após o seu lançamento, a iniciativa do governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Esporte, já tem mais de seis mil alunos. E na próxima sexta-feira, 26, lança outras 53 turmas no Espaço Nauas, em Cruzeiro do Sul, com a presença do governador Tião Viana e do secretário de Educação, Marco Brandão.

Somadas às 33 novas turmas do município de Tarauacá e outras 48 de Feijó, o Quero Ler terá 132 salas de aulas nos municípios do Vale do Juruá, segundo a coordenação do programa, atendendo a mais de dois mil alunos. Cada sala de aula tem em média 15 estudantes e em Tarauacá, 29 turmas são destinadas à zona rural.

A motivação é uma das alavancas principais para o sucesso do programa. “As turmas são, em sua maioria, de idosos, aposentados e donas de casa já cansadas, mas, nem por isso, pessoas desestimuladas a vislumbrar um mundo novo, o mundo das letras”, explica a professora Augusta Rosas, coordenadora do projeto. 

Além disso, a adesão cada vez maior de diversas instituições, como a Federação do Comércio do Acre, a Fecomércio, permite que o programa ganhe a cada dia mais amplitude. Um dos momentos de maior empolgação, segundo ela, é quando os alunos recebem a visita de pessoas como o governador Tião Viana e o secretário Marco Brandão, por exemplo.

“São nessas horas que eles sentem o quanto são importantes e que estão sendo apoiados de verdade. Então a motivação pelos estudos aumenta muito”, diz.
Em Rio Branco, já são mais de 320 turmas (Foto: Gleílson Miranda)
Pesquisa Nacional por Amostras em Domicílio de 2015, do IBGE, mostra que o analfabetismo no Acre atinge 14,5% da população. No entanto, em 2016, o mesmo estudo deverá mostrar uma redução para 13%, (77 mil pessoas) segundo preveem os dados internos da Secretaria de Educação.

E a tendência é que essa taxa comece a cair ao longo dos próximos meses, chegando ao índice quase zero de analfabetismo, em 2018, um sonho possível de ser realizado, a continuar o foco de trabalho do Quero Ler.

“As pessoas querem aprender a ler. Querem estudar. E os relatos que ouvimos, como o de um senhor que pedia sempre a ajuda de alguém para que indicasse qual ônibus iria pegar para casa e que foi enganado indo para outro destino diferente, mostram que aprender a ler é, verdadeiramente, tornar-se um cidadão autônomo”, ressalta Marco Brandão.

Em Rio Branco, já são mais de 320 turmas. A etapa de estudos, de oito meses, termina em janeiro do ano que vem, quando os alunos seguem para a Educação de Jovens e Adultos, a EJA.

Meta audaciosa

O programa Quero Ler é, na verdade, uma oportunidade de ouro para ampliar a oferta da EJA. Depois de alfabetizados, o caminho natural são os currículos escolares. Basicamente, o alvo são as pessoas acima de 15 anos de idade que não tiveram acesso à educação básica na idade adequada. 

Por isso, o Quero Ler corresponde à Meta 9 do Plano Nacional de Educação, que é a alfabetização e o alfabetismo funcional de jovens e adultos. Pela Meta 9, a ideia é erradicar o analfabetismo no País até o fim da vigência do plano, em 2024.

No entanto, no Acre, com o apoio de professores e alfabetizadores voluntários, estima-se que o fim do analfabetismo seja possível em 2018.

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