Os desafios da BR-364

As dificuldades de construir drenos, galerias e bueiros no trecho entre Sena Madureira e Feijó
(Edmilson Ferreira)
Para drenar água subterrânea, as construtoras precisam instalar uma colcha drenante com 30 centímetros de brita. O material é "envelopado" a uma manta geotêxtil conhecida como "bidim", a qual garante o escoamento da água que flui no subsolo quando as máquinas realizam o corte da terra para alcançar a medida exigida pelas regras de pavimentação, de 6% do nível do solo.
Experiente como poucos em obras, Francisco Lessa, atuou na construção de mais de 200 desses equipamentos no trecho entre Cruzeiro do Sul e Tarauacá e agora, entre Sena e Feijó. "Só quem trabalha aqui é que sabe o quanto é difícil e importante esse serviço", disse.
Depois de escavada, a vala é forrada com o bidim. Logo após, colocam-se as britas e o tubo dreno, fechando o sistema com a própria manta. O sistema deve ficar fechado e sem emendas. A função principal dele é não permitir a passagem de sujeira para a drenagem, aumentando a vida útil e melhorando o escoamento da água. Em seguida, o sistema é "envelopado" e a vala, coberta.
Junto com galerias e bueiros, o dreno faz parte das obras de arte que depois do asfalto pronto pouco serão percebidas. "Vai ficar tudo enterrado. É um trabalhão grande, que gasta muito dinheiro e demanda muita mão-de-obra, mas que vêm o aterro, o asfalto e ninguém mais vê. Daí, falam que é fácil fazer asfalto, mas não é", disse o responsável pelas obras de arte do lote 3, Eloir Ferreira Coelho.


Há serviços que são imprescindíveis, mas pouco chamam a atenção, como os cortes que têm de ser feitos para reduzir a menos de 6% as ondulações do terreno, que chegam a 15 metros de altura. As regras de inclinação são estabelecidaspelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (Dnit). Ao fazer os cortes com tal dimensão, as máquinas acabaram encontrando lencóis freáticos, que são rios subterrâneos. Esses lençóis tiveram de ser rebaixados e drenados com canos para evitar contato com a terraplanagem - no caso do trecho entre Sena e Feijó está sendo principalmente o bidim para fazer o dreno, além de galerias e bueiros de vários tamanhos e formatos. Na década de 70, na falta da melhor tecnologia, o Exército chegou a enterrar enormes toras de madeira para separar a água do aterro. Anos depois, a madeira apodreceu e o solo ficou destruído.
A partir de Feijó, todas as cidades ao longo da rodovia têm acesso por terra assegurado o ano inteiro. Há trechos com asfalto envelhecido que serão recuperados ao longo dos próximos dois anos.
Queda de preços em mercadorias, reencontros de pessoas, integração cultural e novos negócios são parte do fenômeno gerado com a reabertura da estrada, que neste ano foi feita pelas seis empresas responsáveis pelo trecho entre Sena Madureira e Feijó. Asfaltá-la, de acordo com o governador Binho Marques, é consolidar esse processo. Vê-se nessa região o que se vê no Vale do Acre. Em 2006, o Acre registrou crescimento econômico anual de 6%, o dobro da média nacional.
O governador Binho Marques e seus aliados criaram um ambiente de harmonia política, estabelecendo relações sérias, respeitosas e cheias de êxito. Compuseram ainda uma rede de parcerias que envolve o presidente Lula, a bancada de parlamentares em Brasília e no Estado, prefeituras e instituições. Somente a partir desse trabalho está sendo possível levar adiante as obras da BR-364, tão cheias de dificuldades e adversidades extremas.
Duplos, triplos, quadrados ou circulares


De acordo com o Deracre, são 14 mil metros de bueiros e galerias em implantação no trecho entre Sena e Feijó. A maior galeria está sendo construída no lote 4, da Etam, tem 26 metros e é dividida em três saídas.
No lote 3, da Fidens, um bueiro circular demanda o trabalho de 25 operários. O trabalho é sublocado para uma pequena construtora de Sena, a Milandi Júnior. O custo do bueiro circular duplo naquelas condições é de cerca de R$ 70 mil. "Depois que vem a terraplanagem, ninguém se lembra mais desse trabalho", disse Eloir Ferreira, responsável pelas obras de arte no lote. Há bueiros em diferentes tamanhos e formatos, de acordo com a necessidade do local
Asfalto ligará cidade de Sena ao Caeté

Em breve, o Governo do Estado entrega o aslfaltamento de oito quilômetros desde o fim do asfalto nas proximidades da balança do Deracre em Sena Madureira até um quilômetro adiante da ponte do Caeté, no sentido Feijó. Máquinas e homens estão trabalhando a pleno vapor para garantir que o prazo seja cumprido antes da chegada do inverno. A ponte sobre o Caeté é a maior de todas no trecho entre Sena e Feijó, com 210 metros, e foi construída mesmo sob as intensas chuvas.
No total, será cerca de um quilômetro de pontes sobre dez rios e igarapés. O lote A contempla a ponte sobre o Rio Caeté e duas pontes no acesso a Manuel Urbano. No lote B serão duas pontes sobre os rios Macapá e Juritipari.
O asfaltamento da BR-364 no trecho entre Sena Madureira e Feijó, num total de 227 quilômetros, é a última etapa para a interligação de Rio Branco com o Vale do Juruá. As obras estão divididas em seis lotes e serão concluídas em 2010 ao custo de mais de R$ 500 milhões. Os recursos são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Raimundo Accioly

Cidadão comum da cidade de Tarauacá no Estado do Acre, funcionário público, militante do movimento social, Radio Jornalista, roqueiro e professor. Entre em Contato: accioly_ne@yahoo.com.br acciolygomes@bol.com.br 68-99775176

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